CASO SCHIAVETO:

Postado por admin em jan. 11 2012 17:01:00

Henrique Schiaveto vem sendo investigado pelo Ministério Público do Estado de Roraima desde novembro do ano passado. Após a realização de uma lipoaspiração que causou a morte de uma paciente.

O médico e cirurgião plástico, Henrique José Schiaveto, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, participou na tarde de ontem, 10, de uma oitiva realizada na sede do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) após ser notificado pelos promotores de justiça que apuram a morte de duas pacientes que se submeteram a procedimentos de lipoaspiração realizado no hospital Unimed Boa Vista, sendo uma delas, Maurízia Gomes de Souza, 39 anos e a outra, Maria Luiza Coelho, defensora pública, 49 anos.

Schiaveto também é investigado em outro caso envolvendo uma paciente que se submeteu a lipoaspiração na última sexta-feira e que encontrava-se em estado grave. Os fatos ocorreram em Boa Vista, capital do estado de Roraima.

O depoimento, que durou cerca de quatro horas, contou com a presença de membros do Grupo Especializado de Combate ao Crime (GAECO/RR) do MPRR, bem como da Promotoria de Defesa da Saúde.

Na ocasião, o cirurgião plástico se declarou inocente, porém admitiu que a falta de atendimento médico adequado contribuiu para a morte de Maurízia. Ainda segundo o investigado, a responsabilidade pela morte da paciente seria da equipe que integra a sala de Recuperação Pós-anestésica (RPA) do hospital da Unimed.

Para o promotor criminal José Rocha Neto, que também investiga o caso, “a declaração de inocência feita pelo cirurgião plástico não causa nenhuma surpresa ao Ministério Público Estadual, porém, ao atribuir culpa à equipe responsável pela Sala de Recuperação Pós-anestésica da Unimed, Henrique Schiaveto fere o artigo 6º do Código de Ética Médica, que veda a atribuição de responsabilidade a terceiros por fato ocasionado pelo próprio médico”.

As duas mortes, ocorridas em curto espaço de tempo, após realização de lipoaspiração feitas pelo cirurgião plástico, ambas com perfurações da parede abdominal, reforçam a ideia de que Schiaveto poderia não encontrar-se em perfeitas condições para a realização dos procedimentos cirúrgicos, uma vez que deixou claro não ter mudado a técnica e que também não passava por problemas pessoais.

Indagado a cerca de eventual uso de entorpecente durante as cirurgias, Henrique Schiaveto afirmou ser boato iniciado em razão de seu divórcio, porém, se recusou, sem qualquer justificativa plausível, a se submeter a exame técnico que comprove ou não uso de drogas.

Conforme as investigações do MPRR, iniciadas em novembro do ano passado, o cirurgião plástico teria entregue aos familiares de Maurízia Gomes, após a confirmação da morte da paciente, uma quantia em dinheiro, inclusive, devolveu os honorários integralmente recebidos por ele para a realização da lipoaspiração.

Para o promotor Marco Antônio Bordin de Azeredo, a devolução do dinheiro feita pelo médico só confirma a suspeita do Ministério Público Estadual de que a família da vítima não teria denunciado o caso por ter recebido algum benefício do acusado, propiciando assim, que o corpo da vítima não fosse, inclusive, encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para realização de laudo pericial. “É inadmissível que a sociedade fique refém de procedimentos cirúrgicos que venham a ceifar vidas. Nós estamos envidando esforços elucidar os casos”.

Após o falecimento da defensora pública Maria Luíza, e com a repercussão do caso, Henrique Schiaveto solicitou ao Conselho Regional de Medicina (CRM) a suspensão temporária de suas atividades relacionadas a cirurgias plásticas, porém, poderá continuar exercendo a profissão de médico, não mais como cirurgião.

Segundo os promotores, Schiaveto deixou transparecer em seu depoimento que só fez a solicitação de suspensão ao CRM por que tinha receio de que fosse decretada sua prisão cautelar, a exemplo de casos semelhantes ocorridos em outros estados e divulgados nacionalmente.

“Na opinião do Ministério Público Estadual, isto não passa de uma estratégia da defesa, uma vez que ele poderia afastar-se das cirurgias sem qualquer comunicação ao CRM, além do que poderá continuar exercendo a medicina, bem como voltar a atividade de cirurgião”, explicaram os promotores de justiça.

Henquique Schiaveto será ouvido novamente pelo MPRRR, em data a ser definida. Com o andamento das investigações, os promotores de justiça também ouvirão as testemunhas, inclusive pessoas apontadas pelo próprio cirurgião, para que relatem o modo como participaram dos procedimentos cirúrgicos. Os promotores irão requisitar novos documentos aos órgãos pertinentes para dar prosseguimento às investigações e buscar a elucidação dos casos.


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