07/07/08 - PEDOFILIA:CPI retoma os trabalhos hoje na ALE
Postado por jul. 07 2008 00:00:00
em Está previsto para 13 horas de hoje, o início dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pedofilia na Assembléia Legislativa do Estado de Roraima. Desde sábado (5), a comissão que investiga crimes de pedofilia em todo o Brasil está ouvindo em Roraima os acusados de participarem da rede de pedofilia descoberta no mês de junho com a deflagração da Operação Arcanjo pela Polícia Federal com apoio do Ministério Público Estadual e Conselho Tutelar. No primeiro dia, a audiência pública iniciou depois das 16 horas e encerrou às 22 horas. Já no domingo, os trabalhos tiveram início às 11 horas e encerraram as 19 horas.
Lidiane do Nascimento Foo, acusada de ser a agenciadora de menores foi a primeira interrogada pela Comissão no sábado. Lidiane afirmou que quer colaborar com a Justiça, mas preferiu ser ouvida reservadamente por temer pela sua vida tanto fora quanto dentro do estabelecimento prisional. O advogado de Lidiane Silas Cabral não compareceu à audiência.
Agostinho Teles também foi ouvido pela CPI. Ele é pai do policial civil Júlio César Cavalcante Teles, o Cesinha, preso acusado de ameaçar vítimas de pedofilia e foi morto no mês de junho. O pai de Cesinha afirmou que o filho não cometeu suicídio e pediu rigor nas investigações.
A terceira a ser ouvida foi Bárbara Foo, irmã de Lidiane Foo e esposa do major da Polícia Militar Raimundo Ferreira Gomes. Bárbara foi acusada de participar de atos sexuais com o esposo na frente de menores. Bárbara também teria ido a casa de uma menor que foi fotografada nua pelo major e teria dito a vítima para tomar cuidado com o que iria falar. Bárbara negou que estivesse ameaçando a menor. Ela recebeu voz de prisão e saiu da audiência algemada.
O depoimento mais esperado foi do ex-procurador geral do Estado de Roraima Luciano Alves de Queiroz. Ao ser indagado pelo senador Magno Malta sobre como se sentia, Luciano afirmou que não se sentia um pedófilo e que não sabia dizer se é doente. Dentro do que eu li a pedofilia é uma anomalia, é uma doença afirmou Queiroz. O advogado de Luciano Queiroz, Ednaldo Vidal também não compareceu.
Conforme as investigações, Luciano teria praticado atos sexuais com crianças de 6 a 13 anos. Por diversas vezes na audiência o ex-procurador afirmou que iria se reservar ao direito constitucional de ficar em silêncio e não respondeu a algumas perguntas. Lidiane foi chamada para ficar frente a frente com Luciano Queiroz. Ela afirmou que desde os doze anos é abusada sexualmente por ele.
O empresário José Queiroz da Silva, o Carola foi o último a ser interrogado no primeiro dia. Ele negou que tivesse mantido relações sexuais com menores de idade. Lidiane mais uma vez foi chamada para confrontar as informações prestadas pelo empresário e afirmou que foi vítima e explorada sexualmente por ele desde os treze anos. Na audiência foi exibido áudio em que Carola conversava com Lidiane ao telefone negociando programa sexual com uma vítima. José Queiroz não estava acompanhado do advogado.
Ontem a primeira pessoa ouvida foi Maria Auristela Barbosa de Melo, a mãe de uma das vítimas. Ela afirmou que sua filha foi ameaçada e ficou por alguns dias fora de casa. Quando a filha retornou, Maria Auristela tomou conhecimento de que a menina estava sendo vítima de pedofilia. Segundo a mãe da menina, que hoje está com catorze anos, a menor estava sendo aliciada desde os treze anos e que a agenciadora se chama Patrícia.
O major da Polícia Militar Raimundo Ferreira Gomes foi o segundo interrogado de domingo. O advogado dele também não estava na audiência. O senador Magno Malta leu o depoimento de uma das vítimas que afirmou que por três vezes presenciou o major se relacionar sexualmente com Bárbara Foo, esposa dele. O senador também exibiu áudio em que Raimundo Gomes conversava com Lidiane sobre um encontro com uma menor de idade.
O terceiro interrogado foi o empresário Valdivino Queiroz, irmão de José Queiroz. Ele afirmou que por diversas vezes recebia ligações de Lidiane Foo, mas não atendia e não tinha conhecimento da atividade dela. Lidiane foi chamada pelo senador Magno Malta e afirmou que tinha visto Valdivino uma vez apenas e que não havia marcado encontros para ele. O senador então leu o depoimento de uma das vítimas afirmando que Lidiane havia levado duas menores a casa de Val, mas Lidiane negou a informação.
Em seguida, o senador mandou chamar Kelly Kuilin Freitas para que ela confrontasse as informações de Lidiane. Magno Malta alertou Kelly que ela estava sendo investigada e que ela deveria somente falar a verdade. Lidiane afirmou que Kelly também é agenciadora e traficante de drogas, ela agenciava meninas para Valdivino Queiroz e para o empresário Walter Voguel. Kelly negou as informações e disse que só tinha visto Valdivino uma vez.
Os últimos ouvidos foram o servidor público Hebron da Silva Vilhena, o esposo de Lidiane, Givanildo dos Santos Castro e Jackson Ferreira do Nascimento, tio de Lidiane.
O senador Magno Malta afirmou que o deputado federal Luciano Castro e o juiz Arnon José Coelho Júnior serão ouvidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito, em Brasília.
Promotores de Justiça elogiam o trabalho desenvolvido pela CPI
Os promotores de Justiça Luiz Antônio Araújo de Souza e José Rocha Neto afirmaram que a Comissão Parlamentar de Inquérito veio reforçar o trabalho desenvolvido pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Estadual no desbaratamento da rede de pedofilia no estado de Roraima com a deflagração da Operação Aracanjo no mês de junho.
O senador Magno Malta demonstrou seriedade na condução dos trabalhos na CPI da pedofilia e a própria Comissão trabalhou com provas trazidas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Para a sociedade roraimense, a CPI veio reconhecer o trabalho das instituições que estão irmanadas em combater esse mal, esse crime tão repugnante para a sociedade afirmaram.
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