CARTAS MARCADAS: Ministério Público conclui oitivas e investigados serão denunciados
Devido à necessidade de preservação das provas e com intuito de não prejudicar a conclusão das diligências, foi novamente decretado segredo de justiça nas investigações.
Análises preliminares realizadas nos materiais apreendidos na Operação Cartas Marcadas, deflagrada no último dia 15/06 pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), identificou inúmeras imagens de cheques no valor superior a R$ 2 milhões, contratos e mensagens que evidenciam o esquema de desvio de recursos públicos praticado por servidores da Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE/RR), continuamente desde o ano de 2013.
Em análise preliminar do material apreendido também foi identificado a “montagem” dos processos licitatórios, utilização de notas fiscais falsas, falsificação de assinaturas e a utilização de empresas de “fachada”, registradas em nome de “laranjas”, as quais eram, de fato, de propriedade do irmão da presidente da Comissão Permanente de Licitação e do convivente da Diretora Administrativa ALE/RR, para fraudar licitações, sonegar impostos e ocultar bens obtidos com o lucro dos crimes cometidos.
Segundo as investigações, há fortes indícios de que os recursos públicos desviados também foram utilizados para pagar a festa de casamento e a viagem para o exterior, em lua de mel, de dois investigados, ocorrida em abril deste ano. Em vídeos, que circulam nas redes sociais, é possível ver os noivos chegando de helicóptero na luxuosa festa.
O promotor de justiça e coordenador do GAECO, Marco Antônio Bordin de Azeredo, ressaltou que “se trata de uma investigação complexa de vários crimes, praticados, em tese, habitualmente pelos inúmeros acusados. Porém, com o encerramento das oitivas no dia de hoje, iremos propor a ação penal pertinente e buscar o integral ressarcimento dos valores desviados do erário”.
O promotor enfatiza, ainda, “que se encontram presentes os requisitos para manutenção da prisão preventiva dos acusados, não somente pela reiteração da conduta delitiva, mas também com o objetivo de impedir a destruição de provas, pelo risco efetivo de dissipação dos recursos ocultos desviados, pela magnitude dos valores saqueados do erário e, finalmente, impossibilitar que os investigados sejam influenciados a não colaborar com a apuração dos fatos e cooptados para falar uma mesma versão, diante de fortes indícios da participação de outras pessoas nos crimes”.
Áudios das Interceptações
Para garantir o bom andamento do caso e resguardar as provas existentes, o GAECO solicitou a decretação de segredo de justiça da investigação. “Requeremos a decretação novamente do segredo de justiça da operação para preservar a realização das demais diligências, bem como para evitar o uso indevido e distorcido dos dados, áudios e imagens colhidos”, explica o promotor Marco Antônio Azeredo.
A Operação
Deflagrada no último dia 15/06, a Operação Cartas Marcadas apreendeu quinze veículos no total de mais de R$ 600 mil, R$ 356 mil em espécie e uma vultosa quantia em cheques. Na ocasião também foram sequestrados imóveis dos acusados no valor de mais de R$ 2 milhões, além do bloqueio das contas bancárias dos investigados em cerca de R$ 400 mil reais.
Foram cumpridas 45 ordens judiciais, sendo 10 de prisão preventiva, 23 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva, todas em Boa Vista.
A operação coordenada pelo GAECO contou com a participação da Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e da Secretaria de Segurança Pública (Laboratório de Lavagem de Dinheiro – LAB).
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