MPRR ajuíza Ação Civil Pública contra a Brasveno, empresa em que cilindros de oxigênio explodiram, no ano passado
O Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR), por meio da Promotoria de Justiça do Consumidor e da Cidadania (PRODECC), ajuizou Ação Civil Pública contra a empresa Distribuidora Brasveno Ltda (Oxigênio Centro Norte), a prefeitura de Boa Vista e o Governo de Roraima, pelos danos materiais e morais causados pelas explosões ocorridas na sede da empresa, na avenida Glaycon de Paiva, bairro São Vicente, em 15 de outubro de 2019.
O acidente ocorreu quando funcionários da empresa faziam envasamento de gás oxigênio industrial, causando a morte de 4 pessoas, destruição de parte das instalações da empresa e danos nos imóveis localizados ao redor do local, além de outros prejuízos.
A investigação do Ministério Público apontou para várias irregularidades encontradas na atividade da empresa. Conforme ofícios do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Roraima – CBMRR e da Prefeitura Municipal de Boa Vista, a empresa atuava de maneira irregular, desde abril de 2016, pois não se adequava às Normas de Segurança e Incêndio nem possuía alvará de funcionamento. A empresa também não tinha autorização para revenda de outro gás a não ser o GLP, mas também operava com acetileno, ar comprimido, argônio gasoso, dióxido de carbono, oxigênio gasoso, óxido nitroso, hélio e nitrogênio gasoso, o que exige autorização especial para manutenção e comercialização desses gases.
Auditores do trabalho também encontraram falhas na atividade operacional da empresa. Alguns procedimentos que poderiam ter evitado as explosões não eram praticados, como a inspeção dos cilindros abastecidos para evitar contaminações. Para os auditores, o sinistro poderia ter sido evitado caso a empresa tivesse observado cuidados conhecidos no meio técnico de Engenharia para operar com o Gás Oxigênio Industrial, como inspeções de integridade e testes de contaminantes ou procedimentos de descontaminação e adequados de trabalho.
Na Ação Civil, assinada pelo Promotor de Justiça Adriano Ávila, o MPRR pede a responsabilização do Estado e do Município. “Inegavelmente a Administração Pública falhou na fiscalização de atividade de risco (comércio de gases sob pressão). Essa falha, por sua vez, ofereceu as condições para a efetivação do evento causador do dano...”, explicou o Promotor de Justiça, que pede a condenação da Brasveno para indenizar individualmente proprietários ou locatários de imóveis circunvizinhos que comprovem prejuízo material decorrente do sinistro, bem como a indenizar a coletividade em dano moral, no valor de R$ 5 milhões. Estado de Roraima e Município de Boa Vista devem promover propaganda, esclarecendo à população os motivos que ensejaram o acidente, bem como as medidas adotadas pelo Estado para evitar novos incidentes semelhantes.